20 de outubro de 2010
SÃO PAULO - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou na tarde desta quarta-feira, 20, que há casos confirmados de infecção hospitalar causado pela superbactéria Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC) em São Paulo, Paraná e Distrito Federal.
No entanto, as secretarias Municipal e Estadual da Saúde de São Paulo e a Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro informaram que não receberam nenhuma notificação de surto de infecção hospitalar causado pela KPC na rede pública de saúde.
Segundo os dois órgãos, as unidades de atendimento não têm obrigação de notificar casos isolados, apenas surtos - quando há o registro de no mínimo duas ocorrências da doença no mesmo local e período.
A Secretaria da Saúde de Minas Gerais enviou um alerta técnico aos profissionais do Estado. No comunicado, informa que "as medidas de prevenção e controle devem ser estabelecidas pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH)".
Entre as medidas de prevenção e controle recomendadas estão: identificar precocemente o paciente com infecção; isolar essas pessoas de contato até a alta médica; acomodá-las em quarto privativo quando possível ou em quarto com paciente que apresenta infecção pelo mesmo microrganismo; higienizar as mãos e usar luvas e avental; limpar e desinfetar superfícies, equipamentos e artigos; e restringir visitas.
A nota informa ainda que "os casos deverão ser notificados à Vigilância Sanitária de seu município ou às Gerências Regionais de Saúde, por meio do formulário de notificação (Ficha de Investigação de Surtos) preenchido pelo profissional de saúde".
Desde o início da semana, o número de casos suspeitos de contaminação pela bactéria resistente a antibióticos KPC no Distrito Federal subiu de 108 para 135. Desse total, 48 pacientes permanecem internados em 16 hospitais, dos quais nove são públicos e sete, privados. A informação é da Secretaria de Saúde do DF. No Hospital de Base de Brasília (HBB), há 23 casos de KPC. As pessoas que desenvolveram a infecção são doentes graves da terapia intensiva, da neurocirurgia ou politraumatizados.
Segundo o diretor do HBB, Carlos Schmin, essa superbactéria, que surgiu em 2000 nos Estados Unidos, é hoje uma preocupação mundial. De acordo com ele, o micro-organismo está presente tanto em hospitais públicos como privados, em vários Estados brasileiros. “O Pronto-Socorro do Hospital de Base recebe diariamente de 6 mil a 7 mil pessoas, o que aumenta o risco. Temos reforçado o cuidado com a higienização e impedido o contato com pacientes suspeitos para evitar novos contágios”, afirmou.
Anvisa vai mudar regra para compra de antibióticos após superbactéria no DF
Alteração busca coibir uso indiscriminado de medicamentos, que torna organismos resistentes
19 de outubro de 2010
BRASÍLIA - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse nesta terça-feira, 19, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está concluindo uma regulamentação para evitar a venda de antibióticos sem receita médica.
As mudanças serão feitas para coibir o uso indiscriminado desses medicamentos, que leva as bactérias a ficarem mais resistentes, fazendo com que o corpo humano não reaja tão bem no caso de infecções graves. Segundo Temporão, esse pode ter sido o motivo para o surgimento da superbactéria Klebsiella Penumoniae Carbapenemase (KPC), cujo número de casos no Distrito Federal chega a 135.
Além disso, o ministro acredita que tenha havido falhas no processo de controle de infecção hospitalar. “Infelizmente, no Brasil, ainda temos uso indiscriminado de antibióticos. A Anvisa está concluindo uma nova regulamentação com indicação de acesso nas farmácias, o que só poderá ser feito com receita médica. A má prescrição é que leva a situações como essa. Claro que temos de avaliar também aspectos internos da dinâmica dos hospitais, que podem ter levado a falhas do processo de controle de infecções”, disse.
Em junho, a Anvisa abriu uma consulta pública sobre as mudanças nas regras para a venda de antibióticos a fim de aumentar a fiscalização sobre esses produtos. Hoje, o paciente precisa apenas de uma receita simples para comprar a medicação, mas muitas farmácias ignoram a exigência e fazem a venda sem prescrição médica.

