
Entre os conceitos-chave da lógica de produção contemporânea encontra-se frequentemente o termo inovação, que significa a criação e desenvolvimento de um novo ou significativamente melhorado produto, seja ele um bem ou um serviço. No mercado competitivo de hoje, já não basta ser bom naquilo que se faz, é preciso que pessoas e, principalmente empresas, pensem em perseguir um diferencial que garanta sua sustentabilidade e busca permanente de melhoria sintonizada com as mudanças que acontecem. Situação que demanda, inevitavelmente, pequenas ou grandes ideias inovadoras.
A palavra inovação não significa apenas criação ou invenção. A principal característica que define uma inovação é o seu poder de implementação, termo que implica em ação. Portanto, só há inovação quando a nova ideia é julgada valiosa e colocada em prática. Mestres como Leonardo da Vinci, apesar de terem contribuído bastante com novidades que podiam ser postas em prática, também já pensaram em diversos objetos que não tiveram tanto destaque em seus currículos, pois, muitas vezes por causa do contexto histórico, não podiam ser tirados do papel.
Se para grandes empresas lançar novidades é essencial para manter uma boa posição no mercado, o peso da criação de produtos inovadores é ainda mais forte para empresas menores, que ainda estão se estabelecendo no mercado. Enquanto as mais fortes têm a possibilidade de fazer uso dos recursos de capital e de equipamentos para garantir sua competitividade, a pequena empresa precisa dispor de uma estratégia que faça uso da inovação e de uma eficaz gestão do conhecimento. Para o vencedor do Nobel de 1991, James March, as empresas com foco em novos conhecimentos se destacam, pois atendem aos mercados existentes ou ultrapassam as expectativas criando novos nichos, produtos e serviços.
No País, o laboratório Cristália, sediado em Itapira, interior de São Paulo, é outro exemplo. Ao invés de se restringir a produzir cópias como faz a maioria das empresas da indústria farmacêutica nacional, lançou em 2007, o Helleva, medicamento desenvolvido de uma molécula sintetizada no Brasil para disfunção erétil. Com faturamento de 555 milhões de reais, possui 7% de participação no mercado inaugurado pelo Viagra, da americana Pfizer. Mais duas moléculas têm lançamento previsto para 2011. Uma dará origem a um medicamento para prevenir enfartes; outra, para tratamento da Aids.
Embora, disponha de uma verba quase irrisória se relacionada aos grandes laboratórios, o Cristália consegue inovar porque não está sozinho, pratica o que os especialistas chamam de inovação colaborativa. Reinveste cerca de 90% dos lucros (50 milhões de reais em 2008) para patrocinar pesquisas que são gerenciadas por um time de 105 especialistas contratados. Pretende, este ano, investir 25 milhões de reais na fabricação do hormônio do crescimento humano e o interferon, usado no tratamento de doenças virais; ambos sem produção no país. Com os investimentos, o Cristália pretende aproveitar a expansão do setor no país, que deve crescer 12% em 2009, bem acima da média mundial de 1,5%.
As histórias de sucesso em soluções inovadoras se multiplicam e são, muitas vezes, provocadas por cenários de crise. A necessidade de buscar soluções para superar lógicas produtivas que já não funcionam tão bem é força motora para o surgimento de boas e eficientes ideias. Vale ressaltar que empreender com base em algum tipo de inovação implica lidar com incertezas. Seguir por caminhos nunca antes percorridos por outro exige perspicácia para perceber a oportunidade e coragem para aceitar os riscos da nova empreitada. Apropriar-se dessas duas características é fundamental para se ter sucesso inovando.
Fonte: JC Online