Alimentação Inteligência à mesa
Crianças que fazem um desjejum reforçado tiram notas melhores em comparação às que pulam a refeição ou ficam no café com pão
Novos estudos também associam a performance intelectual à dieta. Recentemente, a Tufts University, reconhecida mundialmente por seus estudos ligados à educação, divulgou trabalho com a comprovação de que crianças bem alimentadas tiram notas melhores que seus colegas que se abastecem de junk food. Mais: alunos entre 9 e 11 anos que comeram cereais, frutas e iogurte no café-da-manhã mostraram maior capacidade de memória espacial, habilidade importante na resolução de problemas de matemática e ciências. "Alimentar sabiamente a mente leva-a a trabalhar melhor", afirma Michael Roizen, médico americano, fundador de um dos mais conceituados centros de estudo da saúde e do metabolismo humano. Não se trata apenas de diminuir as calorias. É preciso saber separar os alimentos que fazem o cérebro ficar mais ativo daqueles que tendem a diminuir sua performance (leia as quadros nas laterais das páginas). Sanduíches, salgadinhos e refrigerantes, por exemplo, são pobres em nutrientes, especialmente ä minerais, que têm papel importante no sistema nervoso central. A falta desses nutrientes prejudica o rendimento cerebral e a qualidade do sono. Por sua vez, ovos ajudam o corpo a produzir o neurotransmissor acetilcolina, usado na memória.
DIETA ESPERTA
Confira os alimentos que turbinam o cérebro
Peixes com ômega-3: os ácidos graxos são os "lubrificantes" da cabeça. Peixes como salmão, truta e atum fazem as células ficar mais rígidas e aumentam a produção dos neurotransmissores responsáveis pela disposição e pelo bom humor
Frutas e óleos vegetais: o cérebro produz grande quantidade de energia e, dessa forma, gera também muitos radicais livres. Por serem antioxidantes, as vitaminas C e E atuam como neuroprotetores. A vitamina B12 e o ácido fólico melhoram a memória
Carboidratos: a glicose é a energia exclusiva do cérebro. Por isso, ficar muito tempo sem comer carboidratos diminui a atividade mental. Carboidratos complexos (pão, batata, grãos) são absorvidos mais lentamente, fornecendo energia de forma regular. Já o açúcar dos doces é absorvido tão rapidamente que é armazenado como gordura, sem fornecer energia de modo constante
Café: a cafeína é um potente estimulante do sistema nervoso central. Tem efeitos positivos, como aumento da disposição física e diminuição do sono. Em excesso, causa danos à memória
Proteínas: são formadas por aminoácidos como o triptofano, que atua no sono e na performance cerebral. Ex.: leite, queijo branco, carnes magras e nozes
Morango e mirtilo (blueberry): essas frutas tendem a produzir melhora considerável na concentração, coordenação motora e memória
Remédios
Viagra para o cérebro?
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MODA Europeus e americanos aderiram ao modafilina para ficar plugados por mais tempo
Receitados para tratar doenças, alguns medicamentos têm sido usados para melhorar a performance mental, o que causa polêmica. O modafinil é um desses casos: indicado para o tratamento da narcolepsia (doença que provoca sono súbito e incontrolável), é agora consumido como estimulante por quem quer manter-se em alerta por muito tempo. Há quem diga ser possível ficar acordado por 60 horas sem nem piscar os olhos. Mas o uso prolongado tem diversos efeitos colaterais, como irritabilidade, tontura e dor de cabeça. Nos EUA e na Europa, onde o remédio já é vendido, as pessoas não estão muito preocupadas com as conseqüências. O número de receitas dobrou de 1 milhão em 2002 para 2 milhões no ano passado, com faturamento de US$ 440 milhões. Segundo o laboratório Cephalon, que espera um aumento de 25% neste ano, mais da metade dos usuários compra o remédio para efeitos que não estão indicados em sua bula. É o "Viagra" de quem precisa encarar uma longa jornada depois de uma noitada ou estar mais alerta para fechar um negócio ou participar de uma reunião de trabalho.
A ritalina, substância indicada para quem tem síndrome do déficit de atenção e hiperatividade, também vem sendo usada como estimulante. Da mesma classe das anfetaminas, a ritalina proporciona maior concentração e aumenta o estado de alerta. Pesquisadores fizeram um teste para ver se essa vantagem era mesmo mesurável: por meio de tomografias, detectaram que os níveis de dopamina - o neurotransmissor responsável pela euforia e pelo estado de alerta - subiram. Outra droga é a ampaquina, classe de medicamento que vem sendo usada experimentalmente como tônico da memória. Estudos mostram que ela pode melhorar as sinapses cerebrais. "A ampaquina modula o glutamato, substância que age no sistema excitatório do cérebro controlando o aprendizado e a capacidade de memória", diz Rodrigo Bressan, psiquiatra da Unifesp. Os médicos têm dois grandes receios: que o remédio impeça o cérebro de filtrar informações e, principalmente, de esquecer o que não se deseja mais lembrar.
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT1062522-1664-3,00.html