Um novo estudo sueco evidencia que abortos caseiros induzidos por medicações são seguros em mulheres entre os 50 e 63 dias de gravidez.
Até o momento, os estudos observaram apenas o uso caseiro do procedimento até 49 dias após a concepção, a Dra. Helena Kopp Kallner, do Karolinska Institutet, em Estocolmo, e seus colaboradores observam em seu trabalho.
No aborto médico, normalmente a mulher irá usar duas drogas: primeiro, uma dose de mifepristona (RU-486, popularmente conhecida como “pílula do aborto”), seguida pelo misoprostol três a quatro dias depois.
Nos Estados Unidos, foi permitido às mulheres usar o misoprostol em casa por conta própria desde 2000, afirmam os pesquisadores, enquanto a maioria dos países europeus exigem que a droga seja administrada em uma clínica ou hospital. Contudo, a administração caseira é uma opção na Suécia e, em 2008, observam os pesquisadores, metade das mulheres em suas clínicas que tiveram abortos médicos escolheram usar o misoprostol em casa.
A Dra. Kallner e colaboradores ofereceram a opção de aborto médico ou cirúrgico para todas as mulheres com até 63 dias de gravidez que buscaram tratamento em suas clínicas entre janeiro de 2004 e abril de 2007. Conforme eles reportaram na edição eletrônica de 19 de fevereiro de Human Reproduction, aproximadamente 3.000 mulheres escolheram abortos médicos, incluindo 395 que optaram pelo uso caseiro de misoprostol.
Entre essas mulheres, 203 estavam com menos de 50 dias gravidez e 192 estavam entre os 50 e 63 dias. Elas ingeriram mifepristona na clínica, e se auto-administraram comprimidos de misoprostol por via vaginal 36 a 48 horas depois. Também foram instruídas a tomar analgésicos preventivamente e aumentar a dose, caso fosse necessário.
Para 199 das mulheres com menos de 50 dias de gravidez e 186 entre os 50 e 63 dias, o uso dessas medicações resultou em abortos completos; as 10 mulheres restantes necessitaram de cirurgia. Cerca de 60% das mulheres nos dois grupos necessitaram de medicações extras para dor.
Nas mulheres no grupo de gestação precoce, 92% optaria pela administração caseira novamente caso necessitasse de outro aborto, bem como 87% das mulheres nas fases mais posteriores da gestação.
Mulheres com uma gravidez mais avançada relataram mais hemorragias, mas a diferença entre este grupo e as mulheres que não chegaram tão longe em suas gestações pode ser devida ao acaso, considerando o pequeno número de pessoas no estudo.
Os pesquisadores concluem que o uso caseiro de misoprostol é “seguro e altamente aceitável também em mulheres com duração gestacional de 50 – 63 dias, comparado às gestações mais curtas”.
Fonte: Human Reproduction 2010.