Novamente, as estatinas, medicamentos redutores do colesterol, mostraram-se boas para outros sistemas além do coração.
Já relacionadas a uma redução do risco de artrite reumatóide, diabetes, esclerose múltipla e câncer, as estatinas também podem ajudar pessoas com asma a respirar mais facilmente, reportam os pesquisadores.
Em um estudo com 70 pessoas, o uso de estatinas foi associado a melhorias na função pulmonar.
Os pacientes que usavam estatinas, em comparação àqueles que não a estavam usando, foram menos propensos a usar medicações inalatórias de resgate, que fornecem um alívio rápido e de curta duração, durante as crises.
Odelya E. Pagovich, médica, do Beth Israel Medical Center, em Nova York, apresentou os resultados no encontro anual da American Academy of Allergy, Asthma, and Immunology.
Aproximadamente 21 milhões de norte-americanos sofrem de asma, que é causada pela inflamação e edema das vias aéreas. A inflamação, por sua vez, pode causar uma produção excessiva de muco e o estreitamento das vias respiratórias, resultando nos sintomas da asma, como dispnéia, tosse e sibilância.
Parece lógico que as estatinas aliviem os sintomas da asma, diz Pagovich. Em estudos animais e laboratoriais, evidenciou-se que elas reduzem a inflamação nos pulmões.
Considerando que até um terço das pessoas com asma também apresentam altos níveis de colesterol e outros fatores de risco para doença cardíaca e acidente vascular encefálico que possam exigir a terapia com estatinas, a ideia de que elas possam aliviar os sintomas da asma “é extremamente atraente e digna de estudos adicionais”, afirma William Busse, médico, presidente do departamento de medicina da University of Wisconsin School of Medicine and Public Health, em Madison.
Porém, ninguém deve iniciar as estatinas em uma tentativa de repelir um ataque de asma, ele ressalta.
Os estudos até hoje apresentaram resultados conflitantes, disse Busse. Algumas pesquisas relacionaram as estatinas a menos visitas ao serviço de emergência e internações por asma, mas outras sugeriram que pessoas com asma que usam estatinas sofrem mais ataques do que aquelas que não usam.
“Se ficar evidente que as estatinas possuem este benefício extra, isso seria incrível”, disse Busse, o autor principal das diretrizes sobre asma, seguidas pelos médicos ao tratarem a doença.
Pacientes asmáticos respiram melhor
O nova estudo compreendeu 70 pessoas, em sua maioria mulheres, que receberam prescrições de Lipitor ou Zocor, ambas estatinas.
Dois meses antes do início da terapia com estatinas, os participantes estavam usando um medicamento inalatório de resgate em uma média de 9 vezes por semana.
Essa frequência caiu para 3 vezes por semana no primeiro e segundo mês após o início do tratamento com estatinas.
“Após a terapia com estatinas, a maioria das pessoas também melhorou de classe”, disse Pagovich.
Após um mês de tratamento com estatinas, apenas 14% dos pacientes foram classificadas como portadores de asma persistente grave, caindo de 17% antes do início do tratamento. Apenas 44% apresentaram asma persistente moderada vs. 55% antes do início do tratamento com estatinas.
Um total de 42% dos pacientes foram classificados como portadores de asma leve, comparados a 30% antes do início da terapia com estatinas.
“A capacidade pulmonar em inspirar e expirar também melhorou nos meses após o início do tratamento com estatinas”, afirmou Pagovitch.
A dose de estatinas não afetou os resultados, disse ela. Os pesquisadores não destrincharam se um tipo de estatina apresentou propriedades mais potentes no combate à asma do que outro. Outras estatinas incluem Crestor, Pravachol, Mevacor e Lescol.
Fonte: American Academy of Allergy, Asthma & Immunology Annual Meeting 2010, New Orleans, Feb. 26-March 2, 2010. Odelya E. Pagovich, MD, Beth Israel Medical Center, New York. William Busse, MD, chair, department of medicine, University of Wisconsin School of Medicine and Public Health, Madison.