O futuro da indústria farmacêutica no mundo está ligado a Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) de biomarcadores, meios de medição dos processos biológicos normais do corpo, das patologias e, sobretudo, das respostas do organismo a determinadas intervenções terapêuticas. A avaliação é de Adriano Treve, presidente do laboratório Roche no Brasil. Segundo ele, estudos globais demonstram que cerca de 30% dos pacientes não se beneficiam dos medicamentos que lhes são indicados, sendo que uma parcela chega até a falecer por esse motivo. Isso porque os indivíduos dão respostas diferenciadas a determinados produtos, dependendo de características genéticas, comportamentais e nutricionais, entre outros aspectos. Nesse contexto, médicos costumam tentar uma série de remédios até encontrar o que funciona melhor, prática que resulta em gastos maiores na cadeia da saúde. Já Com o uso de biomarcadores – genômicos e/ou proteômicos –, é possível checar qual é o medicamento mais efetivo de cada pessoa.
“O desperdício é grande na área de medicamentos. Os biomarcadores são uma saída para essa situação por funcionar como teste para saber qual é o melhor produto para o paciente. O diagnóstico é o ponto crítico para criar valor na área da saúde. Atualmente, dentro da medicina, deve haver uma aplicação individualizada para se obter as melhores respostas dos pacientes e também ajudar as fontes pagadoras – governos, planos de saúde e consumidores – nos controles de custos”, afirmou Treve.
Cadeia da saúde
Rendrik Franco, diretor-executivo de Estratégia e Marketing do Grupo Fleury, destacou que a rede está investindo em pesquisas no segmento de biomarcadores. Em 2009, em conjunto com o Instituto do Coração (Incor), o Fleury desenvolveu um marcador de isquemia do miocárdio. Atualmente, em outra parceria, dessa vez com o Exército, trabalha no desenvolvimento de biomarcadores para eventos cardiovasculares maiores.
Claudio Luiz Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein destacou que, olhando a cadeia da saúde como um todo, diante das necessidades crescentes da população com saúde (especialmente devido ao envelhecimento) e da ampliação dos gastos devido a avanços tecnológicos, há necessidade de uma gestão mais eficiente dos recursos, que são limitados.
“Deve-se trabalhar com ‘orçamentalização’ e racionalização. O elemento-chave é a separação do que agrega valor e do que não agrega, gerenciando o custo pela qualidade”, comentou. Nesse caminho, ainda segundo ele, o médico é o principal gestor.
Fonte: SNIFBRASIL