Para gestores e especialistas, os médicos precisam estar mais atentos aos pacientes para iniciar o quanto antes o tratamento de pessoas com suspeita da nova gripe, que já substitui a antiga gripe sazonal, de acordo com o Ministério da Saúde. A pequena quantidade de médicos para a demanda é um impasse
A batalha contra o vírus durou apenas oito dias. Os sintomas começaram nas primeiras horas de 2010: muita febre e dor de cabeça. Até ser consolidada a suspeita de gripe A, a mulher esteve em três hospitais, em dois deles mais de uma vez, com o sistema respiratório sempre mais comprometido. ``A cada dia, ela ia piorando um pouquinho``, conta ao O POVO o marido da paciente a quem a maior parte da Cidade só conheceu como ``mulher de 29 anos``, ``moradora do Pirambu``, ``primeiro caso de morte por gripe A no Estado``. A busca por atendimento médico foi encerrada na quarta unidade de saúde pela qual ela passou, o Hospital Fernandes Távora.
Lá, dois dias antes de morrer, finalmente recebeu o antiviral oseltamivir, indicado para a nova gripe, segundo narra o marido, que não quis se identificar. Sobre o caso, sem traços de revolta na voz, ele deixa apenas um desejo tardio para emendar a própria tristeza. ``Poderiam ter pedido para os médicos terem mais cuidado quando chegar uma pessoa assim. Mesmo que eles pensem que é só uma gripezinha, que façam todo tipo de exame para ver se a pessoa dura mais um pouquinho, para tratar e até sobreviver``.
Para o coordenador da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS), Antonio Lima, o caso é um exemplo de que os médicos precisam avançar na identificação dos casos graves ou com potencial de gravidade. De acordo com o Ministério da Saúde, um caso é considerado grave quando o paciente apresenta insuficiência respiratória, além dos sintomas mais comuns da a gripe, como febre, tosse e dores musculares, de cabeça ou de garganta. Também é importante situar se o paciente está nos grupos de risco da doença. ``O paciente com gravidade tem que ser avaliado clinicamente para a possibilidade de internação ou de administração do remédio nos três primeiros dias (quando é mais efetivo). O que é candidato imediato à medicação é um paciente dos grupos de risco``.
Tanto a Prefeitura de Fortaleza como a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) informam terem feito treinamento sobre a gripe A no ano passado, com o surgimento da pandemia. Agora, assim como os hospitais particulares, se preparam para discutir novas medidas de capacitação e os protocolos de atendimento. No Hospital Monte Klinikum, as reuniões que aconteceriam em fevereiro, tendo em vista a chegada do período chuvoso, foram adiantadas com os três casos de óbitos por Influenza A confirmados no Estado. ``É só uma preocupação, mas as emergências não estão sendo procuradas por pessoas com casos de Influenza. Não podemos dizer que há uma epidemia de gripe no Ceará``, observa o médico Ronald Pedrosa.
E-MAIS
1. A confirmação dos três primeiros casos de óbito por gripe suína no Ceará chegaram à Sesa nos dias 18, 19 e 20 deste mês. Foram três mulheres: uma de 29 anos, moradora do Pirambu, outra de 39 anos, do Passaré e, por fim, uma mulher de 24 anos, do bairro Panamericano e grávida de seis meses. Elas morreram nos dias 8, 3 e 9 de janeiro, respectivamente.
2. Uma outra mulher grávida está sendo tratada no Estado como suspeita de gripe suína. De acordo com Manoel Fonsêca, coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, ela está bem, após cesariana, assim como o bebê, que receberá alta. As gestantes, assim como idosos, crianças pequenas e pessoas com doenças crônicas, estão no grupo de risco da gripe A.
3. A Prefeitura de Fortaleza reativou serviço de tira-dúvidas sobre a gripe suína.O Disque Influenza A é gratuito e funciona de segunda a sexta-feira, no horário comercial. O número é 0800 280 0808
Fonte: O Povo (Online)
Notícia publicada em: 22/01/2010