Com a chegada do frio, combinações perigosas de colírios e medicamentos atingem 20% dos pacientes atendidos pelo Instituto Penido Burnier. É o que mostra um levantamento feito nos prontuários do hospital pelo oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto. “Esta é a média dos 12 mil atendimentos realizados nos últimos 3 meses. Comparado ao período de janeiro a março, o clima frio dobra o número de interações medicamentosas”, afirma. Os grupos de maior risco são os idosos que fazem tratamentos para doenças crônicas e mulheres que tomam contraceptivos ou fazem TRH (Terapia de Reposição Hormonal).
O especialista diz que a inocente mistura de aspirina com colírio para combater a irritação ocular, tão comum nesta época do ano, pode causar uma hemorragia. Não é comum, ressalta, mas hipertensos, cardiopatas, asmáticos e até fumantes que têm as artérias obstruídas pelos componentes do cigarro devem manter atenção redobrada com esta interação medicamentosa. Isso porque, a aspirina é um antiagregante plaquetário que interfere na coagulação. Já o colírio mais usado para deixar os olhos branquinhos é o vasoconstritor que ao diminuir o calibre dos vasos pode causar, em longo prazo, elevação da pressão arterial, alterações cardíacas e catarata. Como a maioria das pessoas não pressiona o canal lacrimal durante a instilação, os princípios ativos interagem, potencializando o risco de hemorragia.
A recomendação do médico é usar lágrima artificial ou compressa de água fria para reduzir o desconforto da irritação ocular provocada pelo frio. Se o sintoma não desaparecer em dois dias a recomendação é consultar um oftalmologista.
Para Queiroz Neto o problema no Brasil é a venda livre da maioria dos medicamentos. “Os efeitos dos medicamentos associados diferem de quando são tomados isoladamente. Por isso, quem vai ao médico deve informar todos os medicamentos que está usando para proteger a própria saúde”, alerta.
Os principais efeitos da interação de colírios com outros medicamentos são:
Combinação potencializadora dos medicamentos
Colírio anti-histamínico + calmante
Combinações que inibem o efeito de colírios
Lágrima artificial + anti-histamínico ou contraceptivo
Colírio antiglaucomatoso + descongestionante ou inibidor de apetite
Lágrima artificial + Amiodarona (antiarrítmico)
Combinações desastrosas
Colírio Beta-bloqueador + broncoldilatador = falta de ar
Colírio antiglaucomatoso + corticóide = risco de progressão do glaucoma
Colírio anti-inflamatório + anticoagulante= hemorragia
Colírio vasoconstritor + anti-hipertensivo = hipertensão
Colírio Vasoconstritor + Amiodarona ou antiespasmódico = taquicardia
Colírio antibiótico + contraceptivo = corta o efeito da pílula
Fonte: SNIFBrasil.com.br