Agência americana decide não banir do mercado remédio contra diabete 2, apesar de estudos que indicam aumento do risco de ataque cardíaco
O Avandia, que foi o remédio mais vendido para o tratamento da diabete tipo 2 no mundo, não será banido do mercado nos Estados Unidos, mas estará sujeito a uma série de restrições à sua comercialização. A decisão foi tomada ontem pelo conselho consultivo da Food and Drug Administration (FDA), agência responsável pelo controle na venda de alimentos e remédios nos Estados Unidos.
A resolução final da FDA deve ser publicada nos próximos meses, mas a agência sempre segue as orientações do conselho.
O produto, segundo estudo publicado em 2007, seria responsável pela elevação na quantidade de ataques cardíacos e derrames. Na época, uma suspensão foi discutida pela FDA, mas os especialistas consideraram os resultados "inconclusivos".
Desta vez, os membros da FDA confirmaram que o risco existe, mas chegaram à conclusão de que a droga não provoca mais mortes. Basicamente, seu benefício supera os malefícios.
A vitória para a manutenção do Avandia nas farmácias foi apertada e não está claro qual será a repercussão da decisão para a GlaxoSmithKline, fabricante da droga. Analistas especializados no mercado farmacêutico diziam ontem que o resultado poderia ter sido pior, mas opinaram que muitos médicos devem deixar de receitar o Avandia.
Dos 33 membros do conselho da FDA, 12 defenderam o banimento do remédio. Os que apoiaram a manutenção da venda do Avandia se dividiram em três grupos. Dez conselheiros afirmaram que a medicação pode continuar sendo comercializada, desde que seja alterada totalmente a bula, com a inclusão de algumas restrições. Sete disseram que as advertências devem ser apenas acrescentadas às informações existentes. E três concluíram que não há necessidade de nenhuma mudança na bula. Um dos integrantes não votou.
Sem o banimento, a Glaxo estará menos sujeita a processos judiciais contra o remédio. Segundo a agência Bloomberg, a indústria já teve de pagar US$ 460 milhões em acordos na Justiça. O Avandia foi a segunda droga mais vendida pela empresa, mas em 2009 foi responsável por apenas 1,5% do faturamento.
As principais organizações médicas dos EUA divulgaram comunicado conjunto aconselhando os pacientes a suspenderem momentaneamente o uso do Avandia. A Sociedade de Endocrinologia do país defendeu a manutenção do remédio no mercado.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Diabete, Saulo Cavalcanti, não há motivos para alarme. Ele lembra que, como qualquer medicamento, o Avandia tem contraindicações. "É uma droga que tem espaço no mercado. E, como as outras, tem reetrições. Os médicos devem seguir as normas e receitar nos casos corretos."
Todos os meses, são vendidas 10 mil unidades do Avandia no Brasil. Em nota, a GSK afirma acreditar que a droga vai permanecer como uma "opção de tratamento efetiva para o tratamento da diabete tipo 2, quando utilizado de acordo com sua bula e nos pacientes adequados". / COLABOROU MARIANA MANDELLI
Fonte: O Estado de S.Paulo
Notícia publicada em: 15/07/2010
Autor: Gustavo Chacra