quinta-feira, 15 de julho de 2010

Avandia terá venda restrita nos EUA

Agência americana decide não banir do mercado remédio contra diabete 2, apesar de estudos que indicam aumento do risco de ataque cardíaco

O Avandia, que foi o remédio mais vendido para o tratamento da diabete tipo 2 no mundo, não será banido do mercado nos Estados Unidos, mas estará sujeito a uma série de restrições à sua comercialização. A decisão foi tomada ontem pelo conselho consultivo da Food and Drug Administration (FDA), agência responsável pelo controle na venda de alimentos e remédios nos Estados Unidos.
A resolução final da FDA deve ser publicada nos próximos meses, mas a agência sempre segue as orientações do conselho.
O produto, segundo estudo publicado em 2007, seria responsável pela elevação na quantidade de ataques cardíacos e derrames. Na época, uma suspensão foi discutida pela FDA, mas os especialistas consideraram os resultados "inconclusivos".
Desta vez, os membros da FDA confirmaram que o risco existe, mas chegaram à conclusão de que a droga não provoca mais mortes. Basicamente, seu benefício supera os malefícios.
A vitória para a manutenção do Avandia nas farmácias foi apertada e não está claro qual será a repercussão da decisão para a GlaxoSmithKline, fabricante da droga. Analistas especializados no mercado farmacêutico diziam ontem que o resultado poderia ter sido pior, mas opinaram que muitos médicos devem deixar de receitar o Avandia.
Dos 33 membros do conselho da FDA, 12 defenderam o banimento do remédio. Os que apoiaram a manutenção da venda do Avandia se dividiram em três grupos. Dez conselheiros afirmaram que a medicação pode continuar sendo comercializada, desde que seja alterada totalmente a bula, com a inclusão de algumas restrições. Sete disseram que as advertências devem ser apenas acrescentadas às informações existentes. E três concluíram que não há necessidade de nenhuma mudança na bula. Um dos integrantes não votou.
Sem o banimento, a Glaxo estará menos sujeita a processos judiciais contra o remédio. Segundo a agência Bloomberg, a indústria já teve de pagar US$ 460 milhões em acordos na Justiça. O Avandia foi a segunda droga mais vendida pela empresa, mas em 2009 foi responsável por apenas 1,5% do faturamento.
As principais organizações médicas dos EUA divulgaram comunicado conjunto aconselhando os pacientes a suspenderem momentaneamente o uso do Avandia. A Sociedade de Endocrinologia do país defendeu a manutenção do remédio no mercado.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Diabete, Saulo Cavalcanti, não há motivos para alarme. Ele lembra que, como qualquer medicamento, o Avandia tem contraindicações. "É uma droga que tem espaço no mercado. E, como as outras, tem reetrições. Os médicos devem seguir as normas e receitar nos casos corretos."
Todos os meses, são vendidas 10 mil unidades do Avandia no Brasil. Em nota, a GSK afirma acreditar que a droga vai permanecer como uma "opção de tratamento efetiva para o tratamento da diabete tipo 2, quando utilizado de acordo com sua bula e nos pacientes adequados". / COLABOROU MARIANA MANDELLI

Fonte: O Estado de S.Paulo
Notícia publicada em: 15/07/2010
Autor: Gustavo Chacra