domingo, 30 de maio de 2010

ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO AMPLIA-SE NO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTES

Todos os medicamentos e produtos de saúde devem ser transportados em condições ideais de temperatura para que seu princípio ativo não sofra alterações, comprometendo, posteriormente, a efetividade do fármaco.
Em um País com variações de temperatura como o Brasil, o transporte de medicamentos é um desafio para transportadoras, distribuidoras e farmacêuticos. O primeiro passo para garantir a integridade dos produtos de saúde, como material para diagnósticos, medicamentos e vacinas, é o cuidado com as embalagens térmicas em que a carga é armazenada. Tal prática reflete um compromisso com a indústria que fabrica o medicamento e com o usuário que precisa confiar na integridade e eficácia do fármaco.
Esse é meu trabalho, relatado resumidamente, como farmacêutica supervisora de uma empresa especializada em qualificação de embalagens térmicas. No ramo há quatro anos, sou uma das responsáveis pelos processos de qualificação e manutenção térmica de embalagens. A diretoria comercial ressalta que “devemos falar a mesma língua do mercado de trabalho. Como trabalhamos com indústrias farmacêuticas, nada melhor do que a presença de uma profissional dessa área”.

Estudos de Qualificação Térmica
A qualificação térmica do transporte de produtos perecíveis tem por objetivo principal fornecer dados técnicos que comprovem o desempenho térmico de determinada embalagem destinada aos despachos de produtos perecíveis. Somente por meio dos estudos de qualificação é possível estabelecer um padrão de qualidade que supra às necessidades de toda a cadeia fria do medicamento e a preservação de suas características. Cadeia fria é um sistema de conservação, manejo, transporte e distribuição dos medicamentos perecíveis, desde sua saída do laboratório fabricante até o cliente final, tendo assegurada sua conservação em temperatura ideal. A cadeia fria assegura a manutenção da qualidade do medicamento, bem como a eficácia, a estabilidade e as características físicoquímicas pertinentes ao mesmo. Além de orientar a climatização das cargas que são transportadas nacionalmente, tenho recebido o suporte necessário para desenvolver estudos sobre o desenvolvimento de embalagens térmicas.
Esses estudos procuram analisar o comportamento de cada carga em situações diferentes, como altas variações de temperatura, além de mostrar a quantidade de gelo (próprio para este fim) necessária para cada embalagem. O estudo envolve testes, como descrito a seguir:

• Carga em campo
A simulação é realizada com um pequeno lote de medicamentos, em suas devidas embalagens térmicas, percorrendo o trajeto traçado.

• Câmaras climatizadas e estufa
O procedimento é efetuado dentro do laboratório. Esses estudos auxiliam a indústria farmacêutica a fazer o transporte dessa carga, considerando a temperatura ideal para cada produto transportado.

Ao final dos estudos é redigido um relatório com as especificidades de cada carga, como as variações de temperatura e o tempo que ela pode suportar com a quantidade de gelo ideal. A partir desse ponto, é efetuado contato com o farmacêutico da empresa-cliente e explicada toda a qualificação do processo, e ocorre um alinhamento de informações para concluir o projeto. A qualificação térmica é realizada em total parceria com os clientes para que possam ser traçados e definidos parâmetros ideais e documentados para cada tipo de embalagem e transporte.
Devida à falta de normatização por parte dos órgãos competentes, os procedimentos adotados pela empresa tornaram-se referência nos desenvolvimentos e qualificações de embalagens térmicas, apresentando soluções eficientes e abordando diferentes parâmetros para a realização destes estudos.
Essa preocupação de manter os produtos sob níveis de temperatura ideais ainda parece ser novidade no Brasil, mas essa tendência está mudando. As empresas estão mais preocupadas em qualificar a embalagem térmica para o transporte.
Houve uma consolidação do mercado, pois, cada vez mais, há problemas para atingir a climatização ideal para os produtos transportados. E o farmacêutico é o único profissional habilitado e que pode agregar conhecimento a esse tipo de atividade.

Fonte: Liana Papapietro G. Montemor é Supervisora Técnica da Polar Ténica, formada pela Universidade Anhembi-Morumbi em Farmácia Industrial com ênfase em Cosmetologia e pós-graduação em Cosmetologia pela Faculdades Oswaldo Cruz.