Se os viciados em trabalho, workaholics, são geralmente mais ansiosos e têm problemas emocionais, o mesmo não acontece com os chamados worklovers . "Enquanto o viciado no trabalho é alguém que não sente prazer com a concretização das suas funções, o worklover tira grandes níveis de satisfação das largas horas que passa a trabalhar", explica a psicóloga clínica Cláudia Morais.
Beatriz Pereira, de 49 anos, casada, com dois filhos e duas netas, garante que dar aulas às crianças do 1.º ciclo "é um dos maiores prazeres" que tem na vida. "Todos os dias me rio com eles e há sempre algum que me surpreende com a sua criatividade", assegura a professora primária.
A combater o cancro da mama desde há um ano, garante que a única vez que verteu uma lágrima em todo o processo foi quando teve de informar os alunos de que teria de abandonar a turma depois da operação. Mas não chegou a interromper por completo a actividade. "Passados três meses, fui à junta médica. Queriam que ficasse em casa até 2012. Disse logo que nem pensar. No dia seguinte, já estava na escola", conta. Não pode dar aulas, por recomendação médica, mas faz a coordenação da escola. "Tenho o meu horário de trabalho normal . Em casa sentia-me incompleta", assegura.
"Ao contrário dos workaholics, os worklovers não têm dificuldade em gerir as emoções e são menos impulsivos", garante o Pedro Hubert, especialista em adição. "O trabalho nestes casos é um prazer e não uma necessidade. Não penalizam outras partes da vida", acrescenta o psicólogo Nuno Cristiano Sousa.
Beatriz garante que, agora, tem mais cuidado com a alimentação, mas admite que, há um ano, , passava tantas horas na escola que se esquecia de comer. "Eram as auxiliares que me obrigavam a parar para almoçar ou me levavam alguma coisa à sala." Os médicos alertam que, embora os problemas psicológicos não estejam associados a estes casos, é necessário precaver os problemas físicos, como a má alimentação
Fonte: http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1547048&seccao=Sa%FAde