sexta-feira, 26 de março de 2010

ESTUDO MOSTRA QUE NÃO HÁ DIFERENÇAS NO METABOLISMO FEMININO AO SE USAR CONTRACEPTIVO COM OU SEM PAUSA

Estudo publicado na edição de fevereiro da Contraception, revista referência na área de saúde reprodutiva e planejamento familiar, comprovou que não existem diferenças significativas no metabolismo (níveis de gordura e de açúcares) do organismo das mulheres que usam contraceptivo oral em regime contínuo, com interrupção da menstruação, se comparadas às pacientes que optam pelo contraceptivo cíclico, que menstruam todos os meses. O estudo foi realizado com contraceptivos que têm o princípio ativo etinilestradiol (30mcg) associado à drospirenona (3mg).
O estudo foi conduzido junto a uma amostra de 78 mulheres, sendo que 39 usaram o contraceptivo por 168 dias ininterruptos e 39 tomaram o medicamento durante seis ciclos de 21 dias, interrompendo por sete dias. Ao final da análise, os dois grupos apresentaram variações não significativas no metabolismo (índices de glicídios, colesterol - HDL e LDL - e triglicérides, entre outros). Também tiveram bons resultados na taxa de amenorréia (suspensão do fluxo menstrual) e redução de intensidade dos sintomas típicos das fases pré-menstrual e menstrual, como dismenorreia (menstruação dolorosa), cefaléia (dor de cabeça), acne, náusea, edema, mastalgia (dor no peito) e ganho de peso.
"A conclusão do estudo garante às mulheres mais tranquilidade e segurança na hora de decidir, junto com seu médico, qual é o melhor e o mais adequado regime para o seu caso", afirma Achilles Machado Cruz, especialista em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Outro aspecto positivo do estudo é esclarecer dúvidas de alguns médicos e pacientes em relação aos efeitos adversos do contraceptivo de uso contínuo na coagulação sanguínea. "Esse é um aspecto importante do estudo, pois um problema de coagulação sanguínea causa risco de diabetes e tromboses e mais uma série de doenças graves", esclarece o especialista. O estudo também mostra que, em ambos os casos (com ou sem pausa), o contraceptivo não acarreta problemas de doenças cardiovasculares em função do aumento de colesterol e triglicérides.

Além de Machado Cruz, mais três especialistas em Ginecologia e Obstetrícia foram responsáveis pelo estudo: Rogério Bonassi Machado, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Jundiaí; Nilson Roberto de Melo, da Faculdade de Medicina da USP; e Hugo Maia, do Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana (CEPARH), de Salvador (BA).