Estudo publicado na edição de fevereiro da Contraception, revista referência na área de saúde reprodutiva e planejamento familiar, comprovou que não existem diferenças significativas no metabolismo (níveis de gordura e de açúcares) do organismo das mulheres que usam contraceptivo oral em regime contínuo, com interrupção da menstruação, se comparadas às pacientes que optam pelo contraceptivo cíclico, que menstruam todos os meses. O estudo foi realizado com contraceptivos que têm o princípio ativo etinilestradiol (30mcg) associado à drospirenona (3mg).
O estudo foi conduzido junto a uma amostra de 78 mulheres, sendo que 39 usaram o contraceptivo por 168 dias ininterruptos e 39 tomaram o medicamento durante seis ciclos de 21 dias, interrompendo por sete dias. Ao final da análise, os dois grupos apresentaram variações não significativas no metabolismo (índices de glicídios, colesterol - HDL e LDL - e triglicérides, entre outros). Também tiveram bons resultados na taxa de amenorréia (suspensão do fluxo menstrual) e redução de intensidade dos sintomas típicos das fases pré-menstrual e menstrual, como dismenorreia (menstruação dolorosa), cefaléia (dor de cabeça), acne, náusea, edema, mastalgia (dor no peito) e ganho de peso.
"A conclusão do estudo garante às mulheres mais tranquilidade e segurança na hora de decidir, junto com seu médico, qual é o melhor e o mais adequado regime para o seu caso", afirma Achilles Machado Cruz, especialista em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Outro aspecto positivo do estudo é esclarecer dúvidas de alguns médicos e pacientes em relação aos efeitos adversos do contraceptivo de uso contínuo na coagulação sanguínea. "Esse é um aspecto importante do estudo, pois um problema de coagulação sanguínea causa risco de diabetes e tromboses e mais uma série de doenças graves", esclarece o especialista. O estudo também mostra que, em ambos os casos (com ou sem pausa), o contraceptivo não acarreta problemas de doenças cardiovasculares em função do aumento de colesterol e triglicérides.
Além de Machado Cruz, mais três especialistas em Ginecologia e Obstetrícia foram responsáveis pelo estudo: Rogério Bonassi Machado, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Jundiaí; Nilson Roberto de Melo, da Faculdade de Medicina da USP; e Hugo Maia, do Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana (CEPARH), de Salvador (BA).