sábado, 30 de janeiro de 2010

Fundo da Burrill investirá no Brasil R$ 100 milhões

A Burrill, gestora americana de fundos de venture capital e private equity, está captando US$ 100 milhões para investir em empresas brasileiras de biotecnologia.

Com mais de US$ 1 bilhão em ativos administrados em diversos países, o alvo da Burrill no Brasil são companhias com atuação nas áreas de saúde, energia e produção de alimentos. No mundo, a Burrill tem desde fabricantes de biscoitos que previnem doenças cardíacas, como a Corazonas, até indústrias de proteínas terapêuticas, caso da Osprey.
Depois de inúmeras visitas ao Brasil, Steve Burrill, fundador e presidente da gestora que carrega seu nome, convenceu-se de que era hora de abrir um escritório no Rio de Janeiro. "O Brasil tem pesquisas de boa qualidade. O que falta é capital para ajudar essa indústria de biotecnologia a criar valor", disse o executivo durante entrevista por telefone com o Valor.
Quem está com a missão de encontrar as empresas que vão receber o investimento é João Paulo Poiares Baptista, que já foi responsável pela gestão de fundos de tecnologia da Rio Bravo. Gabriela Cezar, cientista brasileira que faz pesquisas com células-tronco, também vai integrar a equipe instalada no Rio.
"Não estamos procurando pessoas loucas com ideias malucas. Queremos empresas que possam trazer inovações para as indústrias. E não será difícil de encontrar isso no Brasil", disse Burrill. Em alguns casos, a Burrill também poderá investir em projetos em fase embrionária para colocar em operação novas indústrias.
As empresas de biotecnologia brasileiras passaram a entrar no radar de diversos tipos de investidores recentemente. A multinacional Monsanto, por exemplo, comprou a Allelyx e a CanaVialis, que trabalham com o melhoramento da cana. Já a gestora Jardim Botânico Investimentos adquiriu neste ano uma parcela da SuperBac, que reproduz bactérias capazes de eliminar resíduos industriais.
Como cotistas do fundo da Burrill, a expectativa dos gestores é que sejam atraídos tanto investidores brasileiros quanto estrangeiros até junho, quando será encerrada a captação. O Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin), administrado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), já se comprometeu a colocar US$ 5 milhões.
Indústrias como Kraft, Unilever, Bayer CropScience, IBM, Novartis e Mitsubishi também podem se tornar cotistas do fundo brasileiro. Essas empresas já são investidoras de diversos fundos da Burrill. O interesse delas é ficar próximas das inovações tecnológicas que mais tarde podem beneficiá-las no processo fabril.
Além da gestão de fundos, a Burrill trará ao Brasil outros negócios que já possui em São Francisco, nos Estados Unidos, onde fica sua sede. Um deles é o braço de banco de investimentos da Burrill, que faz fusões, aquisições e até ofertas públicas de ações, desde que todas as companhias envolvidas sejam do setor de biotecnologia. Recentemente, a Burrill atuou em uma parceria que uniu a farmacêutica Wyeth com uma fabricante de testes para a detecção de doenças como o mal de Alzheimer.
Outra área que aportará ao país é a de publicações especializadas em biotecnologia e a promoção de eventos. No dia 26 de junho, a empresa promoverá no Rio uma conferência sobre biotecnologia na América Latina.

Fonte: Valor Econômico
Notícia publicada em: 29/01/2010