Ministério da Saúde amplia tratamento de hepatites virais
A convite do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o senador Tião Viana (PT-AC) participou ontem, no auditório do ministério, da solenidade de assinatura da atualização do Protocolo de Hepatites Virais, que estabelece uma nova política nacional para o tratamento das hepatites no país.
O novo protocolo, que vai pautar a atuação de hepatologistas e infectologistas de todo o território nacional, amplia as possibilidades de combate à doença, com a utilização de novos medicamentos como o Tenofovir, o Entecavir e o Adefovir. O Ministério da Saúde está finalizando as negociações com os laboratórios e os medicamentos devem estar disponíveis nas unidades de saúde até o fim do primeiro trimestre de 2010. Atualmente, o Sistema único de Saúde (SUS) já utiliza os medicamentos Lamivudina e Interferon. Entre 1999 e 2008, foram notificados 374,8 mil casos de hepatites A, B, C e D no Brasil.
Estudo de prevalência das infecções pelos Vírus das Hepatites A, B e C nas capitais do Brasil, referido na solenidade desta terça-feira, mostra que 7,44% da população entre 10 a 69 anos já tiveram contato com o vírus da hepatite B. Desses, quase todos eliminaram o vírus do organismo. Mas 0,37% da população pesquisada, em torno de 127 mil pessoas, continuavam com o vírus. Ou seja, estavam com a forma aguda da doença ou desenvolveram a forma crônica.
A evolução para a forma crônica, segundo o ministério, ocorre em aproximadamente 5% a 10% dos adultos expostos ao vírus. Associada ao consumo de álcool e fumo, à idade e ao histórico familiar, aumenta o risco de cirrose e câncer no fígado. é o tratamento que, ao reduzir a replicação da carga viral e o dano hepático, diminui as chances de evolução para essas doenças graves.
Ao longo dos anos, os estados começaram a adotar medicamentos independentemente da recomendação do Ministério da Saúde, o que levou a uma oferta de terapia diferenciada entre as unidades da federação. ?Com a compra centralizada dos medicamentos, o país vai oferecer as melhores opções de tratamento a menores custos, já que aumentará seu poder de negociação com os laboratórios?, explicou a diretora do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, Mariângela Simão.
A diretora Mariângela Simão esteve na solenidade ao lado de Tião Viana, a quem o ministro José Gomes Temporão agradeceu a presença e a força política que o senador costuma dar para melhorar o atendimento da saúde pública no Brasil. O ministro chamou Tião Viana de ?verdadeiro cientista? pelo envolvimento dele enquanto profissional de saúde, tendo feito doutorado na Universidade de Brasília sobre as hepatites B e Delta na Amazônia, conforme lembrou o doutor Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, também presente na solenidade.
Uso racional dos medicamentos
Além dos novos medicamentos, a atualização do Protocolo de Hepatites Virais avança por recomendar a combinação de drogas para tratar pacientes em caso de resistência viral, além de propiciar o uso racional dos medicamentos. Isto é, o melhor medicamento ao custo mais baixo. Outra característica importante destacada pelo ministério é a recomendação da abordagem sequencial do tratamento, que preserva alternativas futuras de tratamento para eventual resistência viral e falha terapêutica.
Segundo o ministério, estudos internacionais mostraram que o antirretroviral tenofovir, usado na terapia contra Aids no país desde julho de 2003, apresenta boa resposta para supressão do vírus da hepatite B em pacientes que nunca entraram em tratamento com medicamentos antivirais.
O novo protocolo foi publicado pelo Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde. Ainda de acordo com o ministério, as vantagens do tenofovir não se restringem à melhor alternativa de tratamento: ?Como a patente do medicamento não foi concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 2008, em seguimento à manifestação de interesse público e subsídios técnicos do Ministério da Saúde, o Brasil está se organizando por meio de uma parceria público-privada para a produção nacional, prevista para o próximo ano.