Uma nova categoria de medicamentos promete trazer novos investimentos para a indústria farmacêutica brasileira a partir do ano que vem. São os biogenéricos, remédios que utilizam células de seres vivos em sua composição, em vez de elementos químicos. As empresas que atuam no mercado de genéricos vêm negociando para que haja no país uma regulamentação para esse tipo de produto, que já é comercializado nos Estados Unidos e em diversos países da Europa.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mantém normas apenas para a síntese biológica em medicamentos de referência, e não para genéricos. De acordo com Odnir Finotti, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró-Genéricos), estima-se um mercado de US$ 1 bilhão com os biogenéricos.
“São produtos caros e de alta complexidade, mas nossa expectativa é disponibilizar esses medicamentos já em 2010”, afirma. Ontem, um evento reuniu especialistas e profissionais da categoria para debater os prós e contras das cópias de remédios biológicos e acelerar uma possível regulamentação no país para o segmento. O principal entrave é a dificuldade em ter um medicamento genérico de um produto que é composto por matéria-prima de seres vivos. As grandes empresas que atuam no ramo de genéricos tratam o assunto com cautela e não antecipam sua estratégia para a nova categoria. A EMS, uma das líderes do segmento, diz estar acompanhando atentamente a questão dos biogenéricos, mas não quer se pronunciar sobre o tema por enquanto.
A Medley, outra gigante do mercado, prefere esperar para ver como se comportará o biogenérico. “Essa é uma categoria que não faz parte de nossos planos até 2010. Temos muito a crescer ainda no mercado de genéricos tradicionais”, diz Manoel Messias Cavalcante, gerente demarketing e genéricos da companhia.
10 anos de mercado
A possibilidade de surgir uma categoria de grande potencial no mercado amplia ainda mais os horizontes dos genéricos no país. Segundo a IMS Health, o segmento cresceu 21% no terceiro trimestre de 2009 e chega ao décimo ano nas prateleiras das drogarias com 20% de participação de mercado. De janeiro a setembro, movimentou R$ 3,2 bilhões e o cenário é extremamente favorável para crescer dois dígitos nos próximos anos. O bom resultado é liderado pelos medicamentos para doenças crônicas, de consumo diário. “Até alguns anos atrás, éramos uma categoria limitada mas hoje atendemos à maioria das necessidades da população”, avalia Finotti.
Em 2010, os genéricos devem ser reforçados por três medicamentos de venda elevada no mercado: Diovan (anti-hipertensivo), Lipitor (colesterol) e Viagra (impotência). Além destes, foi quebrada a patente do Reductil,medicamento indicado para combater a obesidade.
EXPECTATIVA NO ANO R$ 4,5 bi é o quanto a categoria de genéricos espera movimentar este ano tendo como base o crescimento na casa de 20%. De janeiro a setembro, o segmento movimentou R$ 3,2 bilhões
DIFERENÇA NO BOLSO R$ 12,7 bi é a economia estimada com os medicamentos genéricos após dez anos no mercado brasileiro. A avaliação é baseada em valores acumulados tendo como base o levantamento realizado pelo instituto IMS Health.